USINA DOS BRAGAS

Localizada no município de Itamonte, sul de Minas Gerais, a Usina dos Bragas está sob Concessão à Valfim desde o ano de 2006, gerando energia elétrica limpa e sem agressões ao meio ambiente, dentro dos rígidos padrões de segurança exigidos e com todas as autorizações dos órgãos competentes.


GRAVES RISCOS À BARRAGEM

São inquestionáveis os danos causados à Usina dos Bragas pelas fortes chuvas do ano de 2010, conforme já ilustramos anteriormente. Porém nada mais oferecia tantos riscos quanto os problemas descobertos, e prontamente combatidos, na Barragem da Usina.

Todos sabem dos riscos inerentes de construções do porte de uma Usina hidrelétrica. Muitos são os exemplos de tragédias ocorridas em localidades onde houve rompimento de barragens, quer por forças da natureza ou erros de engenharia em sua construção. (veja matéria específica na página CASOS DE ACIDENTES COM BARRAGENS)

A Usina dos Bragas foi construída sobre uma base de rochas de arenito presente em toda região. O excesso de peso sobre este terreno pode causar o afundamento e acomodação desta base, proporcionando um desnivelamento lento mas que com o passar do tempo, não havendo a correção necessária oferece riscos à sustentação da edificação.

O forte fluxo de água e lama observado na última enchente, levou os engenheiros a questionarem o sistema original de drenagem da barragem e também um possível acúmulo de resíduos sólidos que poderiam contribuir com a pressão sobre as paredes da barragem e favorecer possíveis riscos em sua sustentação. Dentro das análises feitas pelos engenheiros foi constatada a ineficiência deste sistema e a necessidade do esvaziamento do lago para uma conclusão mais eficiente do problema.

Aqui é necessário mostrar um contraste da real situação encontrada no local. A ideia bucólica de uma imagem do lago formado pela barragem da Usina dos Bragas pode ser, e com certeza é, encantadora, como pode-se comprovar na foto  abaixo:

                                                                                                                                           Foto: Jonas Costa


Porém abaixo do espelho d'água existia o perigo que fugia aos olhos de todos:



Cerca de 400.000 metros cúbicos de lama e resíduos sólidos (algo em torno de 80.000 caminhões basculantes carregados) acumulados durante anos de ociosidade da Usina. Repare no nível da barragem e no nível dos resíduos depositados, e o quanto "sobrava" de espaço efetivamente para a água represada.

O lago formado pela barragem da Usina é um lago artificial, com características distintas de um lago natural. Isso, por si só, já oferece a necessidade de um controle desse reservatório, uma manutenção periódica que minimize os riscos oferecidos. Quando não tomados estes cuidados, a probabilidade de um assoreamento do lago artificial se torna inevitável. O que víamos nas belas imagens produzidas por vários fotógrafos, era apenas uma fina lâmina d'água sobre toneladas de areia, resíduos sólidos, pedras e entulhos diversos depositados no lago artificial.

A falta de uma manutenção ideal, juntamente com ações clandestinas irresponsáveis foram as causas desta situação. Como em toda barragem, originalmente é necessário um sistema de drenagem dos resíduos sólidos acumulados, a chamada VAZÃO DE FUNDO, para se evitar o excesso de pressão causado por esses resíduos (areia, pedras, galhos, corpos estranhos...) que possuem peso, consistência e formas muito diferentes da água, e que por si só fogem do limite suportado em um projeto de uma construção de contenção, como uma barragem.

O que se descobriu, e apresentaremos a seguir, são as ações que impediram o funcionamento dessa Vazão de Fundo, os danos causados à estrutura da barragem e consequentemente os  riscos proporcionados ao Patrimônio Público e à vida das pessoas ao seu redor.

VAZAMENTO NA BASE DA BARRAGEM


Com o fato das fortes chuvas ocorridas em 2010, evidenciou-se o grande vazamento na base da barragem da Usina, conforme mostram as imagens aéreas. Com o acúmulo de lama depositada pela falta do esgotamento desses resíduos, a água "encontrou um caminho" e perfurou a barragem ao longo dos anos e, consequentemente, foi  arrastando silenciosamente partes da base de sustentação da edificação, causando o comprometimento de sua estrutura original.


A partir daí, a necessidade de uma grande intervenção em toda a base se tornou inevitável, na busca da proteção da estrutura física da barragem e principalmente no combate aos riscos iminentes de um desabamento com o passar dos anos ou mesmo com a possibilidade de uma nova enchente, o que poderia gerar uma tragédia com consequências incalculáveis para a região.

O SISTEMA DE DRENAGEM DE RESÍDUOS (VAZÃO DE FUNDO) INUTILIZADO


Após mais de 30 anos de inatividade da Usina dos Bragas, ações clandestinas foram produzidas em sua estrutura com interesses diversos. Como não havia o devido controle sobre a utilização da Usina dos Bragas, o local foi utilizado durante anos, por pessoas que buscavam as aventuras dos esportes radicais que necessitavam da vazão das águas do lago por sobre a barragem, para possibilitar a prática desses esportes.

Uma dessas ações  irresponsáveis e que não mediam as consequências que poderiam gerar, foi exatamente a interferência no sistema de drenagem de resíduos sólidos, que existe originalmente para a proteção da barragem, e visa impossibilitar o acúmulo desses materiais. Foi descoberto o entupimento proposital do tubo de escoamento desses resíduos, de um lado com a utilização de centenas de sacos de areia e de outro lado com a introdução de um tronco de árvore, que impediram o correto funcionamento do sistema de Vazão de Fundo, proporcionando o assoreamento do lago artificial da barragem e consequentemente o acumulo de peso e pressão sobre a mesma estrutura.


A partir daí trava-se uma batalha de vários dias na tentativa da liberação da tubulação deste sistema. Homens e máquinas envolvidos no trabalho crucial para a solução do problema que colocava em risco a barragem, os operários, e toda Usina.



Logo em seguida ao desentupimento da tubulação da Vazão de Fundo, o lago artificial se esvaziou em poucos minutos, levando toneladas de lama depositada, dando uma pequena dimensão dos danos que poderia causar um rompimento da barragem sem o devido controle.


A draga que trabalhava na tentativa do desassoreamento do lago foi engolida em poucos minutos, juntamente com todos os equipamentos à sua volta, deixando claro o potencial de destruição oferecido em toda área.


O passo seguinte foi o desassoreamento da área próxima à base da barragem para possibilitar as necessárias intervenções em sua estrutura afetada.

Para relembrar, o peso do metro cúbico de resíduos sólidos, como os que se encontravam depositados no lago, é 2,3 vezes maior que o peso do metro cúbico de água, ameaçando a capacidade suportada pelo projeto original da barragem, criado ainda nos anos 20.





A retirada da lama acumulada desvendou os problemas causados ao longo dos anos na barragem da Usina dos Bragas. Uma passagem foi criada pela força das águas, causando uma fenda por sob a barragem, o que levou ao deslocamento de cerca de 20 a 30cm na base de sustentação da barragem.


Também foi sendo mostrado os danos causados ao terreno onde foi erguida a barragem, que sofreu com o excesso de peso. Tal descoberta revelou a necessidade do reforço desta base. Novos trabalhos seriam altamente necessários para a proteção e solidificação da barragem.

Como era suspeitado pelos engenheiros, a parede da barragem apresentava desgaste no embolsamento das pedras, que à época era feito com a utilização de óleo de baleia, pela ausência de cimento. Esse desgaste proporcionou a abertura de fendas por toda a parede da edificação e também nas áreas de entrada das tubulações, oferecendo riscos estruturais que necessitavam rápida intervenção.





Uma operação de represamento das águas foi necessária para possibilitar as obras de concretagem na base da barragem. Sem esta intervenção, as condições da barragem sofreriam graves prejuízos, colocando em questão sua sustentabilidade.



O reparo da Vazão de Fundo foi concluído, possibilitando assim a retomada das futuras ações de prevenção contra novos assoreamentos no lago e evitando novos danos à parede de contenção, mantendo a capacidade de sustentação oferecida pela barragem dentro dos limites originariamente projetados.


Os trabalhos de reconstituição e reforço da base da barragem estão sendo executados com os cuidados necessários para oferecer o maior nível de proteção à estrutura da edificação, evitando-se assim novas ocorrências como as encontradas, onde em alguns locais haviam espaços em que cabiam entre 5 e 10 pessoas através das fendas abertas pela ação da força das águas. Apenas como ilustração, foi necessário a utilização de cerca de 30 metros cúbicos de concreto somente para selar o local.







Geotécnicos estrangeiros, especializados em concretagem e impermeabilização de grandes estruturas, prestam assessoria nos trabalhos executados na base da barragem, visando a perfeita consolidação das áreas afetadas, eliminando os riscos potenciais de desabamento.


Os trabalhos de reembolso das fissuras apresentadas na parede da barragem e de todas as áreas afetadas estão sendo concluídos com o mais rígido controle de qualidade através das indicações dos engenheiros responsáveis.


Com esse trabalho minucioso de recuperação da barragem da Usina dos Bragas, os riscos oferecidos ao longo dos anos de sua inutilização serão sanados. E, com isso, consequentemente, aumentada em grande escala a proteção ao patrimônio e à todas as vidas envolvidas.

Com isso, em breve, a beleza oferecida na Usina dos Bragas será devidamente devolvida a todos, porém com todo o padrão de segurança que é, e sempre será, necessário.